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Hierarquia nas empresas: a horizontalização da gestão é mesmo uma tendência?

A estrutura organizacional de uma empresa e o modo como a mesma escolhe gerenciar seus processos, pessoas e entrega de valor, é conhecido como gestão. Até pouco tempo, a gestão hierarquizada, onde as decisões estratégicas eram impostas de cima para baixo, era a única maneira de existir enquanto organização. De uns anos para cá, surgiu o conceito de gestão horizontal, com departamentos, pessoas, processos mais independentes da liderança formal. Esse modelo conquistou as startups, passou a ser visto como uma possibilidade para pequenas empresas e começa a ganhar força até em estruturas mais sólidas e tradicionais.

É importante entendermos o que é uma gestão horizontal. Não se trata de uma empresa onde não existem chefes ou lideranças, muito menos significa que as pessoas ganham o mesmo salário. A ideia de gestão horizontal está intimamente ligada com a proposta de entregar autonomia para as decisões dos funcionários. A organização tem processos mais flexíveis e não existe um único jeito de fazer. Existe a meta, o projeto e a jornada de entrega. Nesse modelo, as equipes são organismos vivos, que mudam constantemente, se realocam e se refazem de acordo com as competências de cada funcionário e, muitas vezes, se dividem por projetos e não por departamentos.

Como cada indivíduo é uma célula independente, a horizontalização da gestão também acabou com o microgerenciamento das funções. A liderança ou o gestor do projeto se reposiciona de acordo com o desafio que está sendo trabalhado. Se dentro do modelo tradicional o estagiário é a base da pirâmide organizacional, na gestão horizontal ele pode ser até líder de projeto. Isso não significa que ganhe mais, e sim que, naquela situação, ele conduz o cenário, as oportunidades, a entrega de funções, além de ser o responsável pela cobrança de entrega de outras pessoas do time.

Em algumas empresas, a gestão horizontal também é entendida como pesos equivalentes para a tomada de decisão. Todos os participantes da equipe têm a mesma força de voto e são equivalentes aos líderes da organização. Nesse sentido, a proposta é que as escolhas importantes, que fogem da autonomia do indivíduo, sejam feitas de maneira democrática.

A gestão horizontal nasceu nas startups e está se tornando cada dia mais comum entre as grandes empresas, principalmente quando olhamos para essa tendência de gestão por projetos e formatação de equipes fluidas e flexíveis. Apesar de assumir um ritmo muito mais lento, as mudanças já começaram a ser adotadas em alguns departamentos. Uma vez que grandes organizações, tradicionais e engessadas, começam a implementar esse modelo, o conceito ganha força e passa a ser entendido como uma tendência para o futuro do trabalho.

Quando o assunto é carreira, essa mudança vai abalar a vida e os sonhos de muita gente que planejava escalar a hierarquia. Certamente, os profissionais ainda terão espaço e oportunidades para crescer, mas as métricas e as competências que definem um bom funcionário irão se modificar tanto quanto a estrutura organizacional.

Para crescer na carreira dentro de sistemas horizontalizados, as pessoas precisarão de uma boa dose de proatividade, independência na tomada de decisão, motivação, trabalho em equipe e visão de dono. Cada indivíduo é responsável por empreender sua própria vida e projetos dentro das empresas. A noção de gestão de tempo e organização pessoal se tornarão requisitos indispensáveis.

Outra mudança que a gestão horizontal proporcionará para o planejamento de carreira é a capacidade dos profissionais escolherem entre desenvolver suas habilidades de gestão e liderança, ou então, especializar-se em suas funções operacionais. Dessa forma, veremos nas mais diversas áreas, a tão já valorizada formatação da carreira em Y. Estamos cada dia mais próximos de vivenciar essa realidade. Você está preparado para as transformações que vão acontecer no futuro do trabalho?

Artigo escrito por Dalton Morishita

Fonte:  Informa Mídia Comunicação